31 outubro 2007

Santa Rita de Jacutinga 4x4

Galera reunida no Boqueirão
Olá pessoal.

Atendendo aos pedidos do Walter, que está sem tempo de fazer o tradicional relato, vou tentar substituí-lo.

Sugiro que vejam as fotos antes de ler o relato, assim já terão uma idéia do que está sendo falado (escrito).

Dessa vez o já habitual grupo resolveu ir explorar as quadradezas de Santa Rita de Jacutinga, Sul de Minas. Só tinha ouvido falar desse lugar há muito tempo, por causa de um vizinho, o Vidal e, por isso, confesso que não esperava muita coisa além das tradicionais estradinhas de terra com alguns riachos pra atravessar. Como o que mais conta mesmo é a bagunça com os amigos e a escapada da rotina de sempre nos finais de semana em casa, lá fomos nós.

Pois seria muito melhor do que eu imaginava!

Obs! Não confundir Jacutinga com Santa Rita de Jacutinga (onde fomos).

Vou detalhar os caminhos para ajudar os próximos coitados que, como nós, vão fuçar a Web antes de fazer um passeio pra lá e, agora, encontrarão mais detalhes! Obs.. Os detalhes do caminho e os números estão em azul claro. Quem não tiver paciência para esses detalhes, é só pular esses trechos.

Sexta-feira, 26 out

Parecia que ia muito pouca gente, mas aos quarenta e cinco do segundo tempo até que o grupo ficou grandinho: Firton e Valéria na Land, William com os pais (seu Waldemar e d. Dora) na Hilux, Adão, Débora, Bárbara e Lucas na Band, Walter, Vera e Paulinha no Vitarinha (Togo) e eu e o Nickolas no Vitarão Bicho-Preguiça.

Combinamos de encontrar (Adão e eu) no Belvedere para, depois do clássico pastel, rumarmos "na frente" para conversarmos com o nosso guia para o dia seguinte ainda na noite de sexta-feira. Hahahahahaha... que piada. Saí de casa 16:40 e só consegui chegar no Belvedere pra lá das 19:00... UGH. O fechamento do Rebouças deu sua contribuição para esse atraso, mas o pior mesmo foi a maldita pequena e longínqua agulha para se sair da Linha Vermelha para a Dutra. Argh... foram mais de quarenta minutos para andar SEISCENTOS METROS antes da tal agulha.

O estômago foi parar nas costas e a paciência quase foi pro beleléu. Adão foi mais esperto e encarou umas quebradas à direita da linha Vermelha, conseguindo escapar da confa na qual eu entrei. O Walter, que ia "mais tarde" quase me pegou também.

Fianlmente ali pelas 19:30 estávamos os três (Adão, Walter e Eu) prontos para continuar a viagem. Ainda me lembro de ter dito... "acho que em uma hora e pouco estamos lá"... putz...

Saindo do Belvedere ficamos presos num engarrafamento monumental por causa de obra na serra das Araras.. foram DUAS HORAS para chegar no início da subida da serra propriamente dita, que é bem pertinho do Belvedere.

Quando chegamos na saída para Volta Redonda (a primeira, pela estrada VRD001) eu já tinha tempo suficiente de estrada para ter quase chegado em São Paulo...

Estávamos preocupados com o cruzamento de Volta Redonda, mas foi fácil. O caminho estava todo no GPS e, esquecendo algumas batatadas do guia, que consegue se perder mesmo com tal instrumento apitando na hora de virar, conseguimos chegar em Jacutinga lá pelas 01:00h da madruga.

O Firton, que disse que ia "bem mais tarde", chegou exatamente junto conosco.. Só que, para meu desespero, enquanto eu saía de casa, ali pelas 17:00h, ele saía de Laranjeiras, ia até o Recreio, pegava a Valéria e as coisas e então rumava para Jacutinga...

A zoeira no rádio foi ouvida pelo William que estava num animado forró com o Talk-about ligado... e assim todos nos encontramos.

Rio até Belvedere: 78 Km/02:33 h .... (média de 31 km/h).
Belvedere até entrada para Volta Redonda: 48 Km/02:03h ... (24 Km/h).
Dutra até Volta Redonda pela VRD-001: 12 Km/35 min (35 Km/h).
Volta Redonda até Santa Isabel do Rio Preto pela RJ-153: 45 Km/53 min (51 Km/h).
Santa Isabel até Jacutinga pela RJ-137 (terra boa): 10 Km/48 min (12,4 Km/h).

Sábado 27 out

Ficamos quase todos na pousada O Meu Canto. O Adão e a família ficaram na pousada da Jacutinga. Tivemos algumas reclamações sobre o café-da-manhã da Meu Canto, que tava muito simples, mas confesso que para dormir eu adorei. Um silêncio danado e não fazia nem frio e nem calor.

A saída estava marcada para 10:00 e conseguimos acertar tudo em tempo. O Walter havia combinado com o Gleyson do Centro de Aventuras e lá pegamos o Éder, que seria o nosso simpático guia. Antes de sair esboçamos o roteiro com o Éder, dizendo que queríamos brincar de 4x4 mas sem quebradeira. Começamos então a perceber que o local tem muitas atrações, mas muitas mesmo. Só cachoeiras são mais de 70 oficialmente mapeadas.

Partimos então pela estrada que seria a continuação da RJ-137 em direção ao interior de MG. Não se ganha muita altitude.. ficamos entre os 400 e 700 metros de altitude, mas as vistas eram muito bonitas. Toda hora aparecia uma cachoeira.

A região vive basicamente de leite e turismo, assim, não vimos quaisquer plantações, só pastos. Seguimos uns 21 Km pela tal estrada que já citei (terra boa) com algumas paradas aqui e acolá para fotos e explicações do Éder. Alguém nos comparou à Família Adams, porque aonde íamos, a chuva ia atrás. Era incrível... Às vezes tava Sol em toda a volta e chovia em cima de nós.... Concluímos mais tarde que o Éder era quem atraía a chuva, pq não costumamos nos molhar nos nossos passeios.

Grande figura o Éder. É funcionário público da EMATER-MG que o mantém em Jacutinga para trabalhar em benefício dos produtores (de leite ou de serviços de turismo) da região. Bem articulado e com incrível fôlego para falar, contou muitas histórias da área, pena que só para o Bicho-Preguiça. Tentei repassar mas, claro, não foi a mesma coisa. Ele organiza os produtores para que consigam melhores preços fazendo compras em conjunto, corre atrás de projeto para currais, resfriadores de leite, plantações, compras em geral, etc, sempre com objetivo de ajudar o produtor. Conhece muito bem não só a região como as pessoas pelo nome. Em cada lugar que passávamos ele falava o nome do dono e resumia o que era ali produzido. Ele também organiza cursos para os trabalhadores do Turismo. Os funcionários e os próprios donos da Meu Canto já fizeram tais cursos.

Éder e suas explicações

Paramos para um rápido banho e bate-papo na Cachoeira do Sobrado. Num instante a chuva nos alcançou e resolvemos continuar o passeio. O Peri (acabou de ser batizado), o Periquito do seu Waldemar, tomou um belo banho no barzinho que fica ao lado da cachoeira, que pertence ao dono da propriedade.

Cachoeira do Sobrado

Um pouco adiante paramos no mirante da Cachoeira do Pacau. É uma grande queda d'água, mas que requer uma boa caminhada para alcançar a sua base. Como chovia e já era meio tarde, após uma rápida consideração de opções com o Éder, resolvemos seguir em direção ao Recanto das Trutas.

No Km 21 da tal estrada pegamos uma estradinha 4x4 para a direita, que corre pelo leito de uma antiga estrada de ferro (cujos dormentes e trilhos já foram saqueados, claro) que se embrenhava pelo mato em direção a Itaboca. Seguimos uns 5 Km por essa estrada, já debaixo de uma boa chuva. A 5 Km do início há um bom mirante para fotos e a estrada então é interrompida pela erosão. Dá pra prosseguir de moto. O mato é bastante fechado e rendeu boas fotos.

Lá pelas 14:00 chegamos ao tal Recanto das Trutas. É um pesque-e-pague situado num lugar muito, mas muito bonito. Depois de uma reunião para decidir o que faríamos a seguir, curtimos o local esperando que nossas trutas fossem preparadas. Não pescamos... só pagamos. Na reunião, após as sempre boas dicas do Éder, optamos por tentar ir na Fazenda Santa Clara ainda no sábado e deixarmos o cânion do Boqueirão, sem dúvida uma das grandes atrações do local, para o dia seguinte. Eu disse "tentar" ir na Fazenda porque a visitação na mesma se encerra 17 horas e estávamos em dúvida se daria tempo. Os peixes levaria só uns "vintminutim" pra ficarem prontos... mas, no fundo, vitminutim de mineiro são, na verdade, 01:40h....

O local onde está o Recanto das Trutas é muito bonito e agradável, o que fez com que a demora para o almoço sair quase não fosse percebida.

Recanto das Trutas

Depois dos peixes rumamos para Santa Rita para deixar o Éder e então seguimos para a fazenda. Não daria tempo, mas o Éder, pra variar, conhecia não só a dona da Fazenda (e guia) como o filho da mesma. Chegando em Santa Rita ele telefonou para lá e avisou que chegaríamos 17:30, que foi exatamente o que aconteceu.

A D. Adélia não gostou muito do atraso mas nos recebeu com a mesma disposição que recebe a todos. A fazenda é muito antiga e tem uma história bastante cheia de idas e vindas. Segundo a guia, ali era um reprodutódromo de escravos. Não há mesmo indícios de plantações. Hoje vivem do gado (como antigamente) e das visitas guiadas, cujo ingresso custa R$ 5.

Confesso que a história da reprodução de escravos não me convenceu totalmente, pelo menos que tenha acontecido sistematicamente como nos era passado pela D. Adélia. Deixando de lado os aspectos sociais, psicológicos ou simplesmente humanos, que por si só já condenam totalmente a atividade, não dá pra entender como o negócio poderia ser lucrativo. De qualquer forma, é uma estória interessante de ser ouvida juntamente com a visitação dos locais na fazenda.

Achei mesmo mais interessante a visita à Fazenda propriamente dita. Enquanto percorríamos os cômodos que ainda estão com todos os apetrechos de época, ficávamos imaginando como seria viver daquele jeito, há duzentos anos, sem, por exemplo, a Internet e o Flamengo. Assustador.

Procurando um site da Fazenda acabei encontrando as fotos de uma viagem da Sra Elisakerr, que estão muito boas, confira. As nossas não ficaram lá essas coisas pq já era tarde e anoitecia.

Voltamos calmamente para a cidade, diferentemente da ida, que foi à toda, e curtimos um belo jantar de comida mineira com sobremesa mineira.

Durante a janta ficou combinado que iríamos no Boqueirão pela manhã e depois rumaríamos para Conservatória pela Serra da Beleza. Com medo da confusão na Serra das Araras por causa das obras, decidimos também que desceríamos por um caminho alternativo que constava (felizmente) dos mapas do GPS (projeto Tracksource: mapeando o Brasil de forma gratuita).

Os caminhos dos passeios não são complicados. Santa Rita é sinalizada e não tem erro. São 23 Km até o Recanto das Trutas na direção NO por uma estrada de terra boa, que segue para Bom Jardim. No Km 4,4 está o primeiro mirante, no 9,8 a saída para a Cachoeira do Sobrado, no 18,2 o mirante da Cachoeira do Pacau e no 20 a saída para a estradinha que já foi estrada de ferro. Há placas que indicam bem o caminho para a Fazenda Santa Clara. Segue-se mais ou menos em paralelo com a divisa MG/RJ por aproximadamente 15 km e não 18 como está no mapa do Centro de Aventuras. Parado na Cachoeira do Sobrado: 49 minutos. Recanto das Trutas: 01:40h. Visita na Fazenda Santa Clara: 01:35h.

Domingo 28 out

Domingo a coisa começou um pouco mais cedo. Rumamos para o cânion do Boqueirão ali pelas nove e pouco da madruga. Eu já havia visto uma foto bem grande do tal cânion no Centro de Aventuras, mas ainda assim não esperava algo muito surpeeendente. Putz.. que nada.. o lugar é sensacional.

O carro é estacionado próximo a uma ponte que caiu (e está sendo reconstruída) e depois caminha-se 2,7 Km por uma trilha agradável sempre beirando o rio que forma o cânion. Nessa caminhada o Peri resolveu dar vazão aos seus instintos e voou para o outro lado do rio, dando um grande trabalho ao seu Waldemar para recuperá-lo. Felizmente, na hora que a fome apertou o danado voltou. Pra que brigar pela comida se ela está disponível com grande facilidade e com direito a cafuné?
Trilha para chegar ao Boqueirão

A formação rochosa foi cortada pela água (pelo menos é o que me parece), que por sua vez forma um profundo lago por baixo. Show de bola. Nos esbaldamos de tanto nadar e mergulhar. Entrando no cânion chega-se numa corredeira, ao fundo, que é boa para se sentar e deixar a água fazer uma massagem. A água é gelada, mas como estava sol e muito calor, não deu pra sentir frio.

Cânion do Boqueirão

Depois de quase 2 horas parados no cânion seguimos destino rumo à Conservatória via Serra da Beleza, ótima dica do Francisco. Optamos por voltar até Santa Rita e então pegarmos a RJ-151, que segue paralela à divisa MG/RJ, até a localidade Coronel Cardoso. Daí sobe-se a Serra da Beleza em direção a Pedro Carlos, já na Rodovia das Trovas, que liga Santa Isabel do Rio Preto a Conservatória. Também era possível ir pelo caminho da Fazenda Santa Clara, que é bem perto de Coronel Cardoso. Nesse caso pega-se uma ponte bem em frente à fazenda para se chegar até a RJ-151.

Pegamos uma baita chuva na Serra da Beleza e não deu pra fotografar. A estrada virou um sabão e a lama fina prencheu os sulcos dos pneus que não são exatamente destinados para uso em lama, como os meus. Isso fez com que o carro escorregasse um bocado. Só que a estrada é bem protegida e não passa perto de precipícios, não gerando qualquer perigo. Apesar da chuva deu pra perceber que a estrada é bonita e agradável de ser percorrida.

A rodovia das Trovas, por outro lado, é péssima. Me pareceu que andávamos bem melhor e mais rápido na Serra da Beleza do que na estrada das Trovas...

Ali pelas 14:00h chegamos no restaurante que o Lula indicou (e nos relembrou em tempo real via celular), o Dom Beto, e matamos mais umas picanhas e uns peixes.

Lá pelas 15:30 h, de barriga mais-do-que-cheia, rumamos com destino ao Rio, só que dessa vez por um caminho alternativo. O medo de ficarmos engarrafados na Serra das Araras nos fez descer por Ipiabas - Barra do Piraí - Mendes - Paulo de Frontim - Paracambi - Japeri. A descida da serra mesmo se dá entre Paulo de Frontim e Japeri. O piso de todas essas estradas está muito bom e não pegamos, absolutamente, qualquer engarrafamento, apesar de cruzarmos várias localidades. O guia se perdeu mais uma vez quando atravessamos Barra do Piraí, mas dessa vez foi coisa pequena.... era pra ir pra esquerda e eu fui pra direita...

Tive a pachorra de calcular e descobri que esse caminho alternativo nos fez andar apenas 9 Km a mais do que andaríamos caso viéssemos pelo caminho tradicional Conservatória - Barra do Piraí - Dutra. Demoramos um pouco mais, é claro, mas como a viagem faz parte do passeio, creio que valeu a pena.

Pra fechar com chave de ouro, a zona no Rio de Janeiro me pegou novamente... Mesmo com o fechamento do Rebouças as nossas ortoridades resolveram NÃO SÓ MANTER as áreas de lazer no aterro COMO AUMENTÁ-LAS E ESTENDER O HORÁRIO... Assim, as duas pistas do aterro estavam fechadas até as 21h porque tinha um evento com meia dúzia de gatos pingados láaa em frente ao Guanabara, já em Botafogo. O resultado foi que TODO mundo que chegava no Rio em direção à Zona Sul tinha que seguir por um único caminho: Catete, Glória, Praia do Flamengo, Praia de Botafogo, etc. Esse caminho, claro, CRUZAVA com TODO mundo que vinha da Zona Sul para o Santa Bárbara, o único acesso para a Zona Norte. O resultado foi uma confusão monstra que me custou DUAS HORAS do final da Perimetral até atravessar a Rio Branco. Os cruzamentos estavam totalmente zaralhados, com ônibus parados de todos os jeitos possíveis, enquanto nós só buzinávamos. É claro que não havia um único guarda ou operador de controle urbano trabalhando... A BESTA QUADRADA que foi entrevistada na manhã de segunda-feira, o Secretário, acho, respondeu ao ser perguntado pelo porquê da manutenção da área de lazar: "o lazer é prioritário". Não, não é... pô... prioritário é o bem estar comum, depois vem o lazer, seu INCOMPETENTE!

Repetindo... eu levei DUAS HORAS da descida da Perimetral, ali no Santos Dumont, até o cruzamento com a Rio Branco !!! Aaaaaaargh ..... Cheguei em casa muito passado!

O caminho até o Boqueirão começa pela mesma estradinha que va ipara a Fazenda Santa Clara. No restaurante da Teresa tem que se pegar o lado esquerdo da bifurcação. Para a direita seria a Fazenda Santa Clara. São 15 Km (44 min) até a ponte quebrada, onde o carro deve ser deixado. Daí caminha-se por uma bela trilha por mais 2,7 Km até o Boqueirão. Logo no começo desta caminhada passa-se bem ao lado da Cachoeira do Meireles, tb bonita e agradável. Acabamos não indo lá por conta da vontade de chegar logo no Boqueirão. A volta pelo caminho alternativo foi por Ipiabas - Barra do Piraí - Mendes - Paulo de Frontim - Paracambi - Japeri. A descida da serra mesmo se dá entre Paulo de Frontim e Japeri.

Santa Rita até Cel Cardoso (Início Serra da Beleza): 22,5 Km/35 min (38,7 Km/h).
Serra da Beleza (Cel Cardoso até Pedro Carlos): 15 Km/49 min (18,8 Km/h).
Pedro Carlos até Conservatória: 6,4 Km horríveis.
Conservatória até Dutra (Japeri): 94 Km/02:26 h (39 Km/h).

Valeu!

Se alguém quiser o tracklog do GPS, é só entrar em contato: cecilio1963@gmail.com.